Acerca da visibilidade
Lembro-me de há uns anos alguém me ter dito que um departamento de recursos humanos seria tanto mais eficaz quanto menos se desse por ele. Hoje sabemos que não é assim, quanto mais não seja porque a competitividade nas empresas – sobretudo nas multinacionais – obriga a que as pessoas se tornem visíveis para serem tidas em conta na hora das decisões e das promoções.
Como é que uma direção de apoio ao negócio, por exemplo uma área de gestão financeira ou de gestão de pessoas, pode tornar-se visível? Na verdade, a resposta é simples: mostrar como contribui diretamente para os resultados da empresa e também ter iniciativa para transformar aquilo que é esperado acrescentando valor.
Há pouco tempo, em conversa com um responsável de uma multinacional de uma área de contabilidade abrangendo diversas geografias, este dizia-me que começou por vender aos seus superiores que era a pessoa certa para integrar na sua direção as questões do ESG e que além dos números financeiros poderia passar a transmitir informação em Kgs e em CO2. Foi uma proposta ganhadora numa área que hoje é estratégica (veremos durante quanto tempo mais, atendendo aos ventos que sopram dos Estados Unidos) uma vez que o ESG influencia diretamente a rentabilidade e o acesso a capital. A interação com investidores, reguladores, clientes e parceiros estratégicos aumenta naturalmente a exposição da equipa, ou seja, reforça a sua importância dentro e fora da empresa, vai além da gestão tradicional, tornando-a protagonista na criação de valor sustentável para a empresa.
De facto, comunicar internamente de forma estratégica pode ser um primeiro passo em que se destacam as conquistas e os impactos, apresentando indicadores de desempenho. Também o alinhamento com as outras áreas de negócio, demonstrando como o suporte prestado facilita o trabalho de outras áreas, é chave, sendo claro que promover uma boa relação de parceria com os seus pares, é fundamental.
No exemplo que referi, as métricas são quase óbvias, mas poder torná-las visíveis disponibilizando, por exemplo, painéis de controlo visual ajuda bastante.
E porque é que a promoção de eventos internos como workshops, treino ou os momentos de coesão da equipa, os chamados team building, hão-de ser da exclusiva responsabilidade dos recursos humanos? Sabemos que hoje essa é uma tarefa que pode estar centralizada nos RH ao nível da moldura geral, mas sabemos também que as diferentes iniciativas podem ser postas em prática por cada direção, sem prejuízo de iniciativas mais globais que estimulem a partilha da visão e dos valores da organização e que desencorajem a formação de silos.
Finalmente, na era do digital e da inovação é importante utilizar a tecnologia para a visibilidade facilitando o acesso aos serviços prestados pela direção através, por exemplo, de uma intranet.
A ideia é transformar uma direção de apoio ao negócio numa área visível, estratégica e indispensável para a organização.