O fantasma do Halloween
A globalização, para além de muitas outras coisas, trouxe-nos o Halloween. Até há poucos anos, as abóboras não faziam parte da nossa maneira de lembrar os mortos. Agora, é mais uma data em que, sobretudo no sector do retalho, o marketing aproveita para activar as marcas procurando aumentar as vendas.
Vai daí, tudo quanto é loja tem os seus funcionários mascarados com as mais diversas fantasias, desde dentes que jorram sangue na caixa de pagamento, até ao fantasma no serviço ao cliente, passando pelo diabinho a fazer reposição. Todos eles com o semblante de quem está a fazer um enorme frete. A dinâmica é a mesma dos dias em que não há nada para celebrar e o resultado é triste e ridículo. Sim, não há nada mais ridículo do que alguém que está a desempenhar um papel com uma daquelas indumentárias com um ar contrariado nos gestos e nas palavras.
Consigo imaginar que nos bastidores da loja estes funcionários se tenham divertido a inventar ou a fazer experiências com os disfarces, que tenha sido um momento de alívio de tensões do quotidiano e se, para além do aumento das vendas, o objectivo é criar esses momentos para os empregados, isso até pode ser saudável. Mas se as pessoas não estiverem envolvidas com a empresa, há todo um trabalho anterior ao disfarce de Halloween para que o cliente se sinta bem recebido por um diabinho ou por um fantasma.
Esse trabalho passa pela interiorização de que o cliente é alguém que hoje tem múltiplas opções para se abastecer e que a excelência no atendimento é o factor que faz a diferença na hora de escolher se quer ser atendido pelo fantasma ou por uma pessoa adulta que se importa com ele.

