Qual é o problema?
Para um trabalho que estou a desenvolver, tenho entrevistado dezenas de pessoas. Essas entrevistas obedecem a uma estrutura flexível mas com algumas perguntas que estão sempre presentes. Os entrevistados pertencem todos ao mesmo sector de actividade cuja dimensão é muito variável. Sem estar preocupada em encontrar um padrão nas respostas às tais perguntas que são imperativas, acabei por encontrá-lo quando ainda não tinha feito a última entrevista que me leva a esta reflexão: todos eles são dotados daquela competência que nos leva a apelidá-los de problem solver. Todos eles referiram que o que mais gostam é de resolver problemas, ou seja encontrar uma solução para o que lhes é apresentado como desafio.
As características de um problem solver estão descritas em muitos manuais e passam, entre outras, por:
- Saber equacionar o problema
- Estar aberto a novas maneiras de pensar
- Aceitar que não tem sempre razão
- Procurar mais do que uma só solução
- Prevenir o aparecimento de outros problemas com a solução encontrada
O que achei interessante foi uma pessoa que saiu do padrão e me disse que, à partida, interessa-lhe mais encontrar o problema do que a solução. De repente dei comigo a pensar: “querem ver que esta pessoa encontra um problema em cada solução…” , frase que se tornou um cliché. Retirando camadas ao discurso, percebi que tinha à minha frente alguém que posto perante um desafio, à semelhança dos outros entrevistados, prefere encontrar o ou os problemas muito antes de eles se perfilarem no horizonte, antecipando-os.
É um problem preventer ou uma pessoa proactiva, característica tantas vezes exigida num perfil de problem solver. Temos um paradoxo? Talvez não. Se revirmos as características acima mencionadas, percebemos que o problem solver também é proactivo. Mas a energia que podemos poupar com um problem preventer não é despicienda.