Deitar fora o planeamento?

 Em Cultura de Empresa, Prioridades, Propósito

“Hoje, não se consegue planear! Para quê planear se depois corre tudo ao contrário?”

Porque o mundo avança a uma velocidade difícil de acompanhar e porque a todo o momento somos surpreendidos com o inesperado, escuto cada vez com mais frequência esta afirmação.

Vejo pessoas que nunca gostaram de planear, a encontrarem as suas razões para o não fazerem. Logo de seguida, queixam-se da falta de tempo.

De que falamos quando falamos de planeamento? De desenhar a vida ou um projecto ao segundo? De criar passos em abstracto num papel, sem ir ao terreno observar a realidade? Ou, sabemos onde queremos chegar, na vida ou num projecto, e definimos metas para lá chegarmos?

Encontro pessoas que me dizem não fazer planos e que vão para onde a ‘vida’ as leva, pessoas que planeiam com tantas certezas e de maneira tão inflexível que, quando surgem os naturais e inevitáveis obstáculos, se frustram e se zangam e conheço as que, para chegarem do ponto A ao B, sabem que poderão ter que alterar o caminho e estão dispostas e preparadas para fazê-lo sempre que necessário. Mas mantêm o foco no ponto B.

Um jovem talento na área digital, dizia-me há tempos “Eu não quero estar a programar quando tiver 50 anos”. E de seguida, mencionou o que pretendia fazer para estar a gerir pessoas quando lá chegar, o que é o seu propósito. Mostrou-me o seu ‘plano’ e as suas prioridades. Pouco tempo depois tinha dado um grande passo, coerente com o que tinha pensado, mudando de empregador. O novo trabalho exigia-lhe passar grandes temporadas fora do seu país, o que não estava na sua cabeça. Mas o que já está claro para si é que talvez seja um avanço para o que quer conseguir.

Uma empresa com a qual trabalho, tem uma estratégia de expansão para os próximos 2 anos. Para chegar aos números que o crescimento trará, decidiu apostar na mudança de  ‘atitude face ao cliente’ envolvendo todas as pessoas, desde a Administração ao Atendimento, em todos os países. Ao longo do caminho diversos obstáculos vão surgindo, uns previstos e outros nem tanto. Com as necessárias alterações ao que estava planeado, vão sendo removidos, mas o que não foi nem será alterado é o ponto onde se quer chegar.

Já imaginou o que seria sem planeamento?

Quando planear, crie todos os cenários: um optimista, um pessimista e o realista. Se todos forem viáveis, vai ver que consegue o que quer. E pelo caminho ainda se diverte.