Candidato ou cliente?

 Em Cultura de Empresa, Employer branding, Gestão de Talento

‘ Para além de desvalorizarem as minhas experiências mais antigas, houve alguns comentários de carácter pessoal que me desagradaram. Nunca me trataram assim numa entrevista. Senti arrogância e desprezo, não iria querer trabalhar naquela empresa mesmo que me escolhessem’.

Se pensa que este relato é fictício em 2017, desengane-se. É de alguém, senior, que teve uma experiência negativa como candidato a uma posição de liderança numa empresa tecnológica.

Quando tanto se fala de atrair talento, da marca do empregador e da experiência do candidato, ainda há recrutadores para quem estes conceitos não passam disso mesmo: conceitos. O que levará alguém na posição de entrevistador a fazer com que o entrevistado se sinta mal tratado?

Antes de tentar uma resposta, vejamos quais são as consequências de tal atitude.

De acordo com os CandE Awards, 64,3% dos candidatos falarão da sua má experiência a amigos e familiares e 27% desencorajarão outros a candidatarem-se. Por outro lado, 9 em 10 candidatos com uma experiência positiva tendem a querer ser clientes da empresa a que se candidataram.

A que é que isto lhe soa? Muito provavelmente ao que acontece com os clientes quando recebem um mau serviço. Imagina-se a proporcionar uma experiência negativa aos seus clientes? Então, regra de ouro:

TRATE OS CANDIDATOS COMO CLIENTES

Apesar de a marca de um empregador começar a construir-se ainda antes de um contacto pessoal com os candidatos, a primeira entrevista é decisiva. A velha frase ‘Não há uma segunda oportunidade para uma primeira impressão’, aplica-se tanto ao entrevistado como ao entrevistador.

MESMO QUE O PERFIL NÃO SEJA O QUE DESEJA PARA A SUA EMPRESA

Afinal, o que é melhor para a reputação de uma empresa: uma pessoa que não quer ser contratada e transmite a má imagem com que ficou, ou uma pessoa que, apesar de não ter sido contratada, guarda uma imagem positiva da empresa?

Quanto à primeira pergunta que coloco no início, arrisco responder que a tendência do ser humano é tratar o outro como ele próprio é tratado. Assim, numa organização, as atitudes e os comportamentos que suportam, por exemplo, uma cultura de respeito ou uma cultura de arrogância começam no topo e vão descendo até chegar ao cliente… ou ao candidato. Como aconteceu neste caso.