Com Pedro Santa Clara – Director 42 Lisboa

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1.Qual é o seu estado de espírito neste desconfinamento?
É de grande entusiasmo!  Vamos receber este mês os primeiros alunos da 42 Lisboa, uma escola de programação revolucionária que, acredito, vai ter grande impacto no nosso país.

2. Qual o seu maior receio neste momento?
É um chavão, mas o único medo que tenho é do próprio medo.  Isto é, receio que o medo tome conta da vida dos portugueses e condicione demasiado a nossa sociedade: as relações humanas, os negócios, a educação e a cultura…

3. Qual a maior extravagância que por estes dias lhe apetece fazer?
Não sou de grandes extravagâncias… Na conjuntura atual: uma festa com muitos amigos, sem máscaras e sem distanciamentos.

4. Qual a frase/expressão que mais tem utilizado ultimamente?
A resposta para o sentido da vida, do universo e de tudo é… 42!

5. Fez alguma descoberta acerca de si próprio durante o confinamento?
Não foi bem uma descoberta… Apenas ficou mais evidente que tenho hoje uma grande dificuldade em aceitar argumentos de autoridade e tendo a achar que quem manda tem a obrigação de se justificar, de envolver os outros e de lhes agradecer.

6. Fez alguma descoberta acerca dos que lhe são próximos (na família ou no trabalho) durante o confinamento?
É extraordinário como o medo é destrutivo de uma sociedade.  Foi assustador ver como as pessoas se foram afastando à medida que a sua “bolha” que se foi tornando cada vez mais claustrofóbica e asfixiante.  

7. Qual foi a sua ocupação favorita durante o confinamento?
Só estive confinado durante um mês e meio.  Felizmente!  Aproveitei para ler, aprender um pouco sobre modelos matemáticos de epidemiologia – nerd alert! – e escrever alguns artigos sobre o que se estava a passar – mas desisti rapidamente quando percebi que o tema da pandemia se tornou quase religioso, que as opiniões se extremaram e ninguém está disponível para mudar de opinião com factos ou argumentos. E voltei às corridas, que é o melhor remédio que conheço para manter a sanidade mental.

8. Se tivesse mais uma vida o que faria com ela?
Não tenho a certeza de que sejamos nós a fazer alguma coisa com a vida… ou se, como dizia o John Lennon, a vida é o que acontece quando andamos entretidos a fazer outros planos…  Portanto, fico à espera de ver o que acontece nessa próxima vida!

9. O que gostaria que fosse diferente depois do Covid 19?
Gostaria que a nossa sociedade se tornasse mais adulta.  Que sentíssemos todos uma maior responsabilidade pela construção do futuro em vez de estarmos à espera para ver o que “eles” decidem…

10. O que gostaria que se mantivesse?
O sentido de solidariedade entre as pessoas.

11. Qual a sua fonte principal de notícias actualmente?
As mesmas de sempre: o Financial Times e o Economist.  Já nem sei se os leio porque estão de acordo com a minha forma de pensar ou se penso desta forma porque os leio há tanto tempo.

12. Que livro recomendaria nesta altura?
Enlightenment Now, do Steven Pinker.

13. Qual foi o último espectáculo a que assistiu presencialmente (cinema, teatro, concerto…)?
Fomos a um concerto dos Keane no fim de janeiro.

14. O ensino para todos vai ser uma realidade?
Penso que vamos assistir nos próximos anos a uma grande revolução na educação que vai torná-la muito mais inclusiva.  Se soubermos combinar o melhor do online – qualidade dos conteúdos, plataformas interativas e gamificadas – com a interação social “ao vivo”, podemos levar educação de qualidade a todos os cantos do mundo.   

15. Qual a sua banda sonora para estes dias?

Tenho uma playlist no Spotify chamada “Verão Covides” que começa com “Texas Sun” dos Khruangbin com o Leon Bridges…