Com Catarina de Albuquerque – CEO na SWA – Sanitation and Water for All
Qual é o seu estado de espírito neste desconfinamento?
Tem sido de calma, de alguma apreensão, de não embandeirar em arco e de pensar que melhores dias virão. Temos que chegar lá com passinhos pequeninos, temos que ter paciência. Também com alguma gratidão, porque as coisas junto da minha família e dos meus amigos estão a passar-se bem.
Qual o seu maior receio neste momento?
A questão da saúde, que haja uma segunda vaga (da pandemia) muito pior do que a primeira. E a Economia, como esta pandemia está a fazer vir ao de cima as desigualdades que existem no mundo.
Qual a maior extravagância que por estes dias lhe apetece fazer?
Várias: fazer a festa que não pude fazer pelos meus 50 anos este ano, toda a gente a dançar e a abraçar-se; fazer uma viagem para muito longe a apanhar muitos aviões e ir passar a passagem de ano com um grupo de amigos a um destino tropical.
Qual a frase/expressão que mais tem utilizado ultimamente?
A expressão bonding que significa elo, ligação, vamos-nos ligar. Durante as férias, o meu marido e os meus filhos já não me podiam ouvir, “isto são uns momentos de bonding fantásticos”. Passei o verão a dizer isto.
Fez alguma descoberta acerca de si própria durante o confinamento?
Descobri que muitas vezes andamos à procura, muito longe, de coisas que estão muito perto. Eu que não gosto de fazer limpezas, descobri que as limpezas podem ser mindfulness.
Fez alguma descoberta acerca dos que lhe são próximos (na família ou no trabalho) durante o confinamento?
Com o teletrabalho quem trabalha bem continua a trabalhar bem, quem trabalha mal continua a trabalhar mal. Na família descobri que aquilo que nos une é mais do que aquilo que às vezes faz com que nos desentendamos.
Qual foi a sua ocupação favorita durante o confinamento?
Trabalhar no meu jardim e na minha horta.
Se tivesse mais uma vida o que faria com ela?
Transformava-me numa daquelas mães hippies, agarrava nas crianças e ia dar a volta ao mundo num barco.
O que gostaria que fosse diferente depois do Covid 19?
Que percebêssemos que a prevenção é melhor do que a cura, que se não prestarmos mais atenção aos mais desfavorecidos isso tem um impacto em toda a população mundial, que elegêssemos melhores políticos que ponham à frente os direitos dos mais marginalizados.
O que gostaria que se mantivesse?
Que se viajasse menos, que fossemos mais criteriosos antes de apanhar um avião para fazer reuniões.
Qual a sua fonte principal de notícias actualmente?
Jornais online.
Que livro recomendaria nesta altura?
“A Peste” de Albert Camus e também a “Montanha Mágica” de Thomas Mann.
Qual foi o último espectáculo a que assistiu presencialmente (cinema, teatro, concerto…)?
O filme “Parasitas”.
O que lhe falta fazer para que o saneamento básico possa ser uma realidade mundial?
Criar um movimento a nível global, bottom up e top down, com chefes de estado, chefes de governo, estrelas de cinema, opinion makers e também com as pessoas que não têm acesso à água para que os governos sejam responsabilizados e se comece a dar prioridade a esta área de desenvolvimento sem a qual não conseguiremos parar o Covid ou outras pandemias.
Qual a sua banda sonora para estes dias?
Three little birds de Bob Marley em que ele canta, “don’t worry about a thing” e “everything’s gonna be alright”.