Veja as diferenças
Chegou-me às mãos uma excelente edição do livro ‘Citações do presidente Mao Tsé-Tung’, da Editora Guerra e Paz.
Transcrevo uma das citações inscrita no capítulo ‘Quadros’:
É preciso saber utilizar os quadros. No fundo, ser dirigente envolve duas responsabilidades principais: formular ideias e utilizar os quadros. Traçar planos, tomar decisões, dar ordens, estabelecer directivas, etc., tudo isso entra na categoria ‘formular ideias’. Para pormos as ideias em prática, devemos unir os quadros e incitá-los à acção. A isso se chama ‘utilizar os quadros’.
É preciso saber cuidar dos quadros. Há várias maneiras de o fazer. Primeiro, dar-lhes uma orientação. Isso significa deixá-los trabalhar com liberdade para que eles tenham a coragem de assumir as suas responsabilidades e, ao mesmo tempo, dar-lhes oportunamente instruções, de modo que, guiados pela linha política do Partido, sejam capazes de pôr plenamente em jogo o seu espírito criador. Segundo, elevar-lhes o nível. Isso significa educá-los, dar-lhes uma oportunidade para estudarem, a fim de que possam ampliar os seus conhecimentos teóricos e aumentar a sua capacidade de trabalho. Terceiro, verificar o seu trabalho e ajudá-los a fazer o balanço das suas experiências, multiplicar os seus êxitos e corrigir os seus erros. Confiar-lhe trabalho e não controlar a respectiva execução, dispensando-se-lhes atenção apenas quando são cometidos erros graves, não pode constituir um processo de cuidar dos quadros. Quarto, relativamente aos quadros que cometeram erros, devemos em geral usar o método da persuasão e ajudá-los a corrigir esses erros. O método da luta deve adoptar-se apenas em relação àqueles que cometeram graves erros e que, apesar disso, se recusam a aceitar instruções. A paciência é, portanto, essencial. É erróneo qualificar levianamente as pessoas de ‘oportunistas’ ou passar levianamente a ‘travar lutas’ contra elas. Quinto, ajudá-los nas dificuldades, em resultado de doença, problemas materiais, preocupações de ordem familiar ou de outra ordem qualquer, devemos assegurar-lhes tanto quanto possível uma ajuda. Eis o método de cuidar dos quadros.
Ou seja, está lá tudo sobre o que andamos ainda hoje a falar sobre liderança, gestão de talento, engagement:
1. Dar-lhes uma orientação: se substituirmos ‘guiados pela linha do Partido’ por ‘guiados pela estratégia da empresa’, temos a Visão que a liderança deve proporcionar.
2. Elevar-lhes o nível: está cá tudo acerca de oportunidades de desenvolvimento.
3. Verificar o seu trabalho: aquilo a que chamamos avaliação de desempenho.
4. Ajudar a corrigir os erros: tolerância ao erro.
5. Ajudá-los nas dificuldades: uma política de benefícios e incentivo
Claro que Mao Tsé-Tung terá utilizado o seu poder de liderança com o pior dos propósitos, como fica bem expresso nas 75 páginas escritas por Manuel S. Fonseca – ‘Violência, Fome e Reeducação na China de Mao’. Mas que o pequeno livro vermelho é um manual de gestão ainda hoje, não há dúvida.