O elo mais forte

 Em Colaboração, Liderança

A fábrica da Autoeuropa, em Palmela, suspendeu a produção durante mais de um mês devido à falta de peças provenientes de um fornecedor que foi afectado pelas cheias de Agosto na Eslovénia.

Em todas as notícias que li trata-se de um fornecedor eslovaco, cujo nome poucos lembrarão, que não pôde entregar uma peça aparentemente minúscula, parando a produção de uma fábrica que representa uma parte substancial do PIB do nosso país e que fornece automóveis para os mercados europeu e asiático.

Este episódio relembrou-me o funcionamento de uma equipa (sendo certo que os fornecedores desta empresa não se constituem como uma equipa). O que me levou então a essa ligação? Uma equipa é definida por objectivos comuns, competências complementares, interdependência, comunicação, papéis definidos, comprometimento sob uma liderança. No conjunto destes fornecedores existe um objectivo comum – contribuir para a construção de um automóvel – existem competências complementares – cada fornecedor tem uma especialidade, seja fabricar os assentos, a carroceria, uma peça do motor, etc. –  são interdependentes. Sem uma entrega de um deles a construção do automóvel fica comprometida. Também poderemos considerar que há comprometimento de cada fornecedor sob a liderança da empresa a quem fornecem,  mas muito provavelmente não existirá comunicação entre eles.

A comunicação entre elementos de uma equipa, estamos fartos de saber, é fulcral para se atingirem objectivos e desde logo para o negócio. Se a comunicação é fluida isso implica, entre muitos factores, papéis definidos: cada um saber exactamente o que tem que assegurar.  E acima de tudo, implica a existência de um acordo para a colaboração, conhecido como contrato de equipa e que deve estabelecer quais são os meios para comunicarmos, como partilhamos informação, o que fazemos se alguém falha, quem diz o quê a quem, como podemos confiar uns nos outros e, já agora, como celebramos o sucesso.

Quando esta fluidez é inexistente a disfuncionalidade espreita, o esforço para alcançar resultados, além de mais intenso, é inglório, o cansaço torna-se evidente e a irritabilidade e intolerância entre elementos instala-se. E quando algum dos elementos quebra este contrato torna-se o elo mais forte da equipa. E assim o elo mais forte de uma equipa acaba por ser o mais fraco.