Deixar para amanhã o que podemos fazer amanhã

 Em Cultura de Empresa, Desenvolvimento

A minha mãe costumava dizer-me: “nunca fiques numa festa até ao fim, não precisas sair quando está no auge mas sai quando ainda estiver boa”. É claro que muitas vezes fiquei até ao fim da festa e algumas vezes provei o sabor amargo do dia seguinte.


Lembro-me várias vezes deste dizer da minha mãe e esta semana, ao falar com uma pessoa que vive e trabalha na Suíça e que quer regressar a Portugal, voltei a ele por uma série de associação de ideias. A pessoa em questão não se sente de todo em “fim de festa”. Diz-me que a Suíça, não tendo uma actividade borbulhante fora das multinacionais,  é dos melhores países para se trabalhar porque ali existem boas oportunidades e nível de remuneração condizente. Também é um país seguro. A cereja no topo do bolo é a organização do trabalho – sendo a norma ninguém sair depois das 18:00 (estamos a referir-nos a alguém com uma remuneração superior a 100k anuais) e o CEO desliga o telemóvel quando vai de férias.

 

Independentemente das razões que levam esta pessoa a querer regressar a Portugal (não, não é pela bonificação no IRS), penso na nossa organização e em como continuamos a trabalhar um número de horas que vai para além do razoável. Não será por acaso que, sendo Portugal um dos países europeus onde se trabalha durante mais horas, a produtividade, esse caroço da nossa economia, não é directamente proporcional. Na verdade, como é que alguém que trabalha por sistema doze ou mais horas diárias consegue, por exemplo, resolver problemas e ser criativo? Muitas vezes não consegue e vai para casa esgotado – que é o estado que trará no dia seguinte. Ou seja, as pessoas deveriam deixar o que estão a fazer enquanto ainda estão com energia e ideias, sabendo que no dia seguinte vão reiniciar com prazer e não como se fossem atacar um monstro.

Ernest Hemingway sabia disto e dizia, ” Trabalho sempre até ter qualquer coisa acabada e paro sempre que sei o que vai acontecer a seguir. Assim, tenho a certeza de que posso continuar no dia seguinte”.

Se quiser inspirar-se, leia aqui como pode deixar fluir a criatividade.