Com Vera Pinto Pereira, CEO EDP Comercial
Como descreve a sua energia atual?
Equilibrada. Depois de uma mudança de vida radical, que nos apanhou a todos de surpresa e se impôs a uma velocidade estonteante, hoje encontrei um novo equilíbrio neste “novo normal”.
Qual o seu maior receio neste momento?
A incerteza, porque prejudica a nossa capacidade de decisão. Vivemos um período de “regresso” que se reveste de uma enorme incerteza a múltiplos níveis. Neste contexto é fundamental alterar a nossa forma de planear e tomar decisões, no sentido de conseguir manter uma visão de longo-prazo clara e estável, mas adotar uma dinâmica de planeamento por cenários sistematicamente revistos. Isto aplica-se à gestão da nossa vida pessoal, bem como à gestão dos negócios pelos quais somos responsáveis. E é um exercício de uma exigência enorme.
Qual a maior extravagância que por estes dias lhe apetece fazer?
Abraçar os meus amigos
Qual a frase/expressão que mais tem utilizado ultimamente?
“Vamos ver como tudo evolui” – é a minha resposta constante à vontade, e necessidade, sistemática dos meus filhos fazerem planos de futuro…planos de férias, de programas, de viagens, de escolhas académicas,…
Fez alguma descoberta acerca de si própria durante o confinamento?
Que consigo estar fechada em casa durante semanas a fio, sem enlouquecer.
Fez alguma descoberta acerca dos que lhe são próximos durante o confinamento?
Tomei consciência do mundo de coisas que acontecem cá em casa e na vida dos meus filhos durante um dia de semana…
Qual tem sido a sua ocupação favorita?
Confesso que não me sobra muito tempo. Entre as horas infindáveis passadas em frente ao computador em reuniões por TEAMs, e as corridas pela casa a arrumar, ajudar com trabalhos ou a fazer almoço e jantar, sobra pouco tempo para ocupações pessoais. Mas a verdade é que os dias parecem render mais, talvez pelo tempo poupado em deslocações, por exemplo. Pelo que, tenho conseguido fazer ginástica várias vezes por semana. E à noite voltei a construir lego e a pintar, coisas que já não fazia há uns anos e que adoro.
Se tivesse mais uma vida o que faria com ela?
É tão difícil dizer… Eu acho que precisava de mais 2 ou 3 vidas! Gostava de estudar medicina, mas também gostava de uma vida no mundo das artes. E claro, gostava de poder corrigir tudo o que fiz menos bem nesta vida!
O que gostaria que fosse diferente depois do Covid?/ O que gostaria que se mantivesse?
Gostaria que não perdêssemos alguns dos bons hábitos adquiridos nos últimos meses – de mais tempo passado em família, de maior flexibilidade nos modelos de trabalho, de menos deslocações, de menor consumismo, de maior inclusão social e de maior debate sobre a sustentabilidade.
Pensemos no tema da sustentabilidade. Em poucas semanas o COVID’19 teve o maior impacto de sempre nas emissões de CO2. Estimativas apontam para que este ano a quebra na emissão de dióxido de carbono seja na ordem dos 4-8% (2-3 biliões de toneladas). O nível de redução verificado é aquele que precisamos que aconteça anualmente para podermos assegurar zero emissões em 2050 (meta assumida pela Europa e por Portugal). Mas esta meta não pode ser conseguida à base da suspensão da atividade económica, tem de ser através de uma ação concertada a nível global em torno da transição energética.
Não podemos voltar ao que eramos em Fevereiro. O mundo tem de mudar e a retoma tem de procurar um novo normal mais sustentável do ponto de vista social e ambiental.
Qual a sua fonte principal de notícias atualmente?
O Expresso (online) e a CNN
Que livro recomenda nesta altura?
A Brave New World, de Aldous Huxley
Qual foi o último espetáculo a que assistiu presencialmente?
Foi um concerto de tango, num club local de milonga em Buenos Aires em Janeiro. Inesquecível.
Qual a sua próxima viagem de sonho?
A próxima viagem, para longe, será para o Sudoeste asiático.
Qual a sua banda sonora para estes dias?
Voltei a ouvir jazz…Thelonius Monk