CEO’s em retiro

 Em Cultura de Empresa, Desenvolvimento, Mudança, Prioridades

Parar é preciso e às vezes se não se pára a bem pára-se a mal. O corpo envia-nos avisos: a tensão arterial que dispara para níveis que obrigam a um internamento hospitalar, a insónia que faz com que às quatro da manhã se esteja a trabalhar no computador na cama, o não ser capaz de desligar. 
São casos reais de executivos que pediram ajuda através do coaching, em alguns casos complementado com retiros. O detonador pode também ser um acontecimento traumático: um acidente grave ou a perda de alguém próximo que exige uma perspectiva diferente sobre a vida. Repensar a vida parece ser a grande motivação para se fazer um retiro. Os ganhos que se querem obter passam por “limpar a cabeça”, melhorar o conhecimento de si próprio, conseguir foco no que é verdadeiramente importante, passando a estar presente em cada momento, ter um pensamento mais límpido e claro. Se estas expectativas forem cumpridas, haverá naturalmente um impacto positivo no estilo de liderança e no relacionamento com os outros. De qualquer maneira, não somos máquinas a que se pode fazer um reset para ficar mais eficaz. É preciso treinar todos os dias – e nesse sentido a meditação diária ou o acto simples de retirar alguns minutos para parar, sem a preocupação de até na meditação ter que ser perfeito, podem funcionar como manutenção.

Esta parece de facto ser uma tendência se definirmos tendência como aquilo que começa a acontecer e que pode tornar-se moda. Cada vez mais as pessoas procuram alternativas ao que já conhecem, há uma insatisfação permanente que tem a ver com a velocidade a que tudo acontece e que, muitas vezes, não permite que se assimile e interiorize uma determinada experiência, perdendo-se o seu significado. No mundo da gestão isso é também verdade e frequentemente surgem metodologias consideradas inovadoras cuja diferença está na forma como são apresentadas. E, ou porque há cansaço com experiências anteriores ou porque não resultaram, corre-se para a última tendência. No entanto, o retiro e a meditação são práticas com milhares de anos, na sua origem, enraizadas na civilização oriental, não são uma metodologia que se abraça e abandona.

Depoimento à Revista Executive Digest de Agosto 2019, para o tema de capa O lado Z dos CEO’s