A melhor chefia que tive era um low profile
Ao ler o artigo da HBR com o título If Humble People Make the Best Leaders, Why Do We Fall for Charismatic Narcissists? lembrei-me das chefias que fui tendo ao longo do meu percurso profissional. Cheguei à conclusão que aquela que considero ter exercido uma verdadeira e efectiva liderança, era uma pessoa que, numa primeira análise, qualquer um considerava um low profile.
Era de uma discrição a toda a prova.
Tinha uma visão de longo prazo (numa época em que o horizonte era mais claro e os que conseguiam podiam ver longe) que soube comunicar a toda a organização, ou pelo menos a todas as pessoas chave.
Sabia criar envolvimento e o seu entusiasmo era contagiante, mesmo que sem exuberância. Sempre que anunciava uma ideia e a explicava, o que era frequente, era como se ficássemos iluminados.
Tinha prazer em desenvolver as pessoas, deixava-as falhar (e tantos erros que fiz) para logo de seguida as apoiar de uma maneira que muitos pedagogos invejariam. Era um verdadeiro coach, quando a palavra ainda não existia em Portugal.
A empresa tinha uma presença regular na comunicação social e nunca vi esta pessoa ‘pôr-se em bicos dos pés’ para dar uma entrevista ou ‘aparecer’ de alguma maneira. De certa forma, tinha horror aos holofotes. Pelo contrário, incentivava aqueles que sabia que podiam representar a empresa em determinado momento a darem a cara, fosse em entrevistas, em artigos ou a participarem em debates.
Se tinha carisma? Tinha, com certeza. Mas narcisista é que não era.
O artigo da HBR, leva a crer que nos apaixonamos pelos líderes com carisma e narcisistas. É verdade que numa época que vive da imagem estas pessoas podem ser muito sedutoras, mas há tantos corações (e empresas, já agora) despedaçados por sedutores.
Acredito numa liderança carismática e humilde.