Entrevista na sala de espera

 Em Recrutamento

A informação hoje chega a toda a gente e chega rápido. Qualquer pessoa, se tiver a preocupação de se preparar, por exemplo, para uma entrevista de trabalho, pode procurar tudo o que existe sobre como elaborar um CV, como se apresentar, o que dizer e o que não dizer durante a entrevista, as perguntas mais frequentes, enfim, todo um receituário para que a entrevista seja um sucesso. Muitas vezes, o recrutador tendo feito tudo by the book pode achar que sim, que conseguiu validar tudo o que queria e que tem um retrato do entrevistado que lhe permite tomar uma decisão acertada. Outras vezes, pode ficar com aquele sentimento de que, embora o candidato, tenha um discurso bem estruturado e respostas prontas, é isso mesmo: uma resposta demasiado pronta, a que falta autenticidade.

Lembro-me de há muitos anos, quando comecei a recrutar, pedir sempre às pessoas que recebiam os candidatos, na sala de espera, que fossem todas ‘olhos e ouvidos’ e que me transmitissem a sua opinião acerca dos mesmos. Sabemos que quando as pessoas se sentem off the record são muito mais expontâneas. Por isso, também é eficaz dar a entrevista por terminada e continuar a conversar, às vezes mesmo até à porta de saída. É incrível a quantidade de informação adicional que se consegue obter.

Há uns dias, escrevi um post sobre a tendência recente de se fazerem entrevistas sem recurso ao CV. No fundo, o que queremos saber, acima de tudo, é o que não está no papel. O que lá está é para confirmar. Ainda mais quando, apesar dos diferentes formatos que por aí pululam, todos os curricula se assemelham.

Agora, num artigo da HBR, é relatado um caso em que aparece, na sala de espera, o CEO de uma empresa que se senta ao lado de uma candidata e começa a conversar com ela fazendo perguntas abertas, às quais ela foi respondendo aparentemente sem saber que se tratava do representante máximo da organização. Parece ser mais uma técnica de recrutamento que vale a pena experimentar.

No entanto, e apesar de estar convicta de que o recrutamento é uma das principais preocupações que um CEO deve ter, sobretudo quando se trata de posições estratégicas, não gostei da maneira como nesta história ele termina a conversa com a candidata. Leia aqui o artigo e veja se concorda comigo.