Em busca da perfeição

 Em Coaching, Desenvolvimento, Formação

Há uns anos preparava uma formação residencial para dirigentes de duas empresas que estavam a juntar-se quando, na véspera à meia noite, já com os participantes no hotel e tudo preparado, um dos meus parceiros decidiu  introduzir uma pequena alteração que levou a que todo o programa fosse posto em causa e tivesse de ser ajustado. Fizemos uma directa e correu muito bem. Correu melhor do que teria corrido sem a alteração? Até hoje, quando nos encontramos, ainda fazemos a mesma pergunta.

Ocorre-me sempre esta história quando se fala em perfeição e sobretudo em contexto de entrevistas.

A percentagem de pessoas entrevistadas para uma determinada posição que, à pergunta “O que é que melhoraria em si?”, respondem “Sou muito perfeccionista”, é – na minha experiência – significativa. O que é curioso é a maneira de o dizer, que é mais ou menos como se o entrevistado estivesse preparado para a pergunta e viesse com a resposta ensaiada. Esta sai com um sorriso de triunfo, como se quisesse dizer “Nunca me apanharão num erro, eu verifico e torno a verificar e entrego com a máxima qualidade”. Algumas pessoas ainda chegam a dizer “Às vezes perco muito tempo e sei que é algo que tenho a melhorar”. O perfeccionismo tornou-se na palavra de defesa face a uma das perguntas para a qual é mais difícil ter uma resposta autêntica.

Qualquer característica de personalidade tem duas faces que vivem uma com a outra, como nas moedas. Mesmo quando referimos uma característica positiva ela tem o seu dark side. Às vezes os pontos fortes também se convertem em limitações. Por exemplo, a determinação, que é considerada uma característica positiva, pode levar uma pessoa a não olhar a meios para atingir os fins.  O perfeccionismo que, na era do imediato em que vivemos assumiu uma conotação negativa, tem naturalmente a sua face positiva. Porém, esse lado positivo nunca será o medo de ser apanhado num erro e é verdade que a máxima qualidade na entrega muitas vezes compromete os prazos.

Esta semana dei conta de um vídeo cheio de humor que me inspirou esta reflexão. No fim do dia, não interessa ser perfeito mas interessa e muito buscar a perfeição com a consciência de que nunca a alcançaremos. Espreite aqui.